A rapadura criativa que rende R$ 15 mil por mês para esta mulher

Pense na rapadura. Aquele doce duro, rústico, com um sabor de cana que nos remete ao Brasil profundo, às fazendas, às tradições dos nossos avós. É um símbolo da nossa cultura, sim. Mas, para a maioria de nós, a rapadura está longe de ser um produto sofisticado, inovador ou, principalmente, uma fonte de riqueza.
Muitos sonham em ter o próprio negócio, em criar um produto único que conquiste o mercado. Mas a jornada é dura, e a maioria das ideias não sai do papel. O sucesso parece reservado a produtos tecnológicos, a grandes ideias nascidas em grandes centros.
Mas, e se eu te dissesse que uma mulher, no coração da Amazônia, no interior de Rondônia, conseguiu transformar o doce mais “bruto” e subestimado do Brasil em um negócio que hoje fatura R$ 15 mil por mês?
E que o segredo para criar essa “rapadura de ouro” veio de um caderno de receitas da sua avó, combinado com o fruto que ela tinha no próprio quintal?
O ‘toque de Midas’: a ideia de misturar cacau do quintal com a receita da avó
A empreendedora por trás dessa revolução doce é Melissa Almeida, de Ouro Preto do Oeste, em Rondônia. Filha de agricultores e apaixonada por gastronomia, Melissa sempre quis criar algo que tivesse a cara e o sabor da sua terra.
Depois de muitos testes, ela teve uma ideia que parecia improvável: pegar a receita da rapadura tradicional, que aprendeu com sua avó mineira, e dar a ela um toque amazônico, misturando-a com o cacau que crescia no quintal de sua casa.
O resultado? Uma rapadura com sabor de chocolate, cremosa, única. A rapadura de cacau, o carro-chefe da sua empresa, a Cacau Raiz.
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O ‘império’ do trailer: da panela queimada aos R$ 15 mil por mês
O começo, como em toda boa história, não foi fácil. Melissa conta que o ponto do doce era um desafio, e que foi sua avó quem precisou viajar de Minas Gerais a Rondônia para ensinar o segredo no tacho.
Com um investimento inicial de R$ 20 mil, Melissa começou o negócio sozinha: ela produzia, embalava e vendia. Hoje, a realidade é outra:
- A Estrutura: A pequena fábrica artesanal já conta com R$ 150 mil em equipamentos e a ajuda de duas funcionárias.
- O Faturamento: O negócio, que vende os produtos em um charmoso trailer na beira da rodovia, já alcançou um faturamento mensal de R$ 15 mil.
- A Produção: A capacidade de produção é de até 300 quilos de rapadura por mês, além de outros produtos como chocolates veganos e gelatos.
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Mas não é só sobre dinheiro: a sustentabilidade e a força feminina
O que torna a história de Melissa ainda mais poderosa é a filosofia por trás do negócio. A “rapadura de ouro” não é apenas um sucesso financeiro; é um exemplo de sustentabilidade e empoderamento.
- Produção Agroecológica: O cacau usado é cultivado sem agrotóxicos, vindo do quintal da família e de outras pequenas produtoras locais.
- Embalagens do Bem: As embalagens dos produtos são biodegradáveis e podem ser usadas como sementeiras para o plantio de novas mudas.
- Rede de Mulheres: Melissa faz questão de trabalhar com uma rede de fornecedoras mulheres, como a Dona Selma, que cultiva cacau, fortalecendo a economia local e o empreendedorismo feminino na região.
Com planos de exportar sua criação para o Chile e o Peru, Melissa Almeida prova que a inovação pode vir dos lugares e dos produtos mais inesperados. E que, às vezes, a maior “mina de ouro” que podemos encontrar é a combinação do amor pelas nossas raízes com a coragem de criar algo novo.