Seu dedo no nariz é um ‘Uber’ de bactérias para o seu cérebro

Vamos ser honestos: todo mundo faz, mas ninguém admite. Cutucar o nariz é um daqueles pequenos “crimes” universais e secretos da humanidade. Seja no trânsito, assistindo TV ou lendo um livro, o ato é quase um reflexo. É um hábito que aprendemos a esconder desde criança, visto como algo feio e anti-higiênico.
A bronca da sua mãe ou da professora na infância sempre foi sobre a falta de educação ou sobre o risco de pegar um resfriado. O pensamento geral sempre foi: “qual o grande problema? É só o meu nariz”. Parece um ato inofensivo, com consequências no máximo sociais, caso alguém te pegue no flagra.
Mas, e se eu te dissesse que esse gesto, aparentemente banal, pode ser muito mais perigoso do que imaginamos?
E se, ao cutucar o nariz, você estivesse, na verdade, abrindo uma avenida expressa, um “Uber” particular para que bactérias perigosas façam uma viagem direta do seu dedo para o seu cérebro?
Um estudo científico chocou o mundo ao revelar uma possível e aterrorizante ligação entre esse hábito e os sinais de uma das doenças mais devastadoras da atualidade: o Alzheimer.
A ‘cena do crime’: como o nariz vira uma porta de entrada
O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade Griffith, na Austrália, focou em uma bactéria específica chamada Chlamydia pneumoniae. Ela é conhecida por causar infecções respiratórias, como a pneumonia, mas os cientistas descobriram que ela também tem uma capacidade assustadora: a de “escalar” o nervo olfativo, que conecta a nossa cavidade nasal diretamente ao cérebro.
O problema é que, para fazer essa escalada, ela precisa de uma “porta aberta”. E essa porta, segundo o estudo, são as pequenas lesões e arranhões que o ato de cutucar o nariz causa na mucosa nasal, o tecido que reveste o interior do nosso nariz.
Veja mais: Perfumes baratos que viraram queridinhos das brasileiras
A reação em cadeia: a ‘gosma’ de proteína que sinaliza o Alzheimer
Uma vez que a bactéria consegue usar o seu dedo como “Uber” para entrar e a lesão como “porta” para o nervo olfativo, a festa começa no cérebro. O sistema imunológico do cérebro, ao detectar o invasor, entra em modo de defesa total.
E uma de suas principais armas é a produção de uma proteína chamada beta-amiloide. A função dessa proteína é envolver e neutralizar a bactéria, como uma armadilha pegajosa.
O problema é que o acúmulo excessivo dessa “gosma” de proteína é exatamente o que forma as famosas placas senis, a principal marca física encontrada no cérebro de pacientes com Alzheimer.
Veja mais: Brincos que realçam a beleza do seu cabelo cacheado
Mas calma: por enquanto, a culpa é só dos ratos
Antes que você entre em pânico e nunca mais toque no seu nariz, aqui vai a informação mais importante de todas: por enquanto, este estudo foi realizado apenas em camundongos, não em seres humanos.
Os resultados são um alerta e abrem um novo e fascinante campo de pesquisa, mas eles não provam que o mesmo acontece conosco. Os cientistas ficaram surpresos com a rapidez com que tudo aconteceu nos ratos — em questão de 24 a 72 horas —, o que reforça a teoria de que o nariz é, de fato, um caminho muito rápido para patógenos chegarem ao cérebro.
O próximo passo da equipe é, justamente, investigar se essa ligação trágica também existe em humanos. Mas, enquanto a ciência não bate o martelo, o estudo serve como o melhor e mais assustador argumento que você já ouviu para, talvez, tentar manter o dedo longe do nariz.