A ‘pílula’ de Harvard que blinda seu cérebro contra o Alzheimer

A cena é um clássico do nosso dia a dia. Você entra em um cômodo da casa e, ao chegar lá, para e pensa: “o que eu vim fazer aqui mesmo?”. Ou então, você está no meio de uma conversa e o nome daquele ator famoso, que você já viu em mil filmes, simplesmente some da sua mente. São pequenos “apagões”, esquecimentos que a gente costuma ignorar.
Nós culpamos a correria, o estresse, a idade. “Estou ficando velho”, a gente brinca, com uma ponta de medo.
A sensação é de que nosso cérebro está ficando enferrujado, de que nossa memória está se esvaindo, e que não há nada a fazer a não ser aceitar.
Mas, e se eu te dissesse que a culpa por esses esquecimentos não é da sua idade, mas de um mau hábito que pode ser corrigido?
E se existisse uma “pílula” para a memória, um exercício mental simples, ensinado por um professor de neurologia da prestigiosa Universidade de Harvard, que pode “blindar” seu cérebro e rejuvenescer sua capacidade de lembrar?
O ‘pecado’ da distração: por que sua memória depende da sua atenção
O neurologista de Harvard, Andrew Budson, revela o segredo que é a base de tudo: você não consegue se lembrar de algo em que não prestou atenção. A memória é um processo de duas etapas. Primeiro, seu cérebro precisa prestar atenção e registrar uma informação. Só depois ele pode armazená-la.
O problema da nossa era digital, com suas telas e notificações constantes, é que nós vivemos em um estado de distração permanente. Nosso cérebro está tão sobrecarregado que simplesmente não registra as informações.
Não é que você “esqueceu” onde deixou a chave; na verdade, você nunca “soube”, pois a guardou no piloto automático.
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A ‘pílula’ da atenção plena: o que é o mindfulness (e como ele cura a mente)
A “pílula mágica” de Harvard para combater esse “pecado” da distração é uma prática milenar chamada mindfulness, ou atenção plena. Mas não se assuste, você não precisa virar um monge. A prática é muito simples:
- O que é? É o exercício de, intencionalmente, prestar atenção total no momento presente, sem julgamentos. É observar seus pensamentos, seus sentimentos e o ambiente ao seu redor como um espectador curioso.
- Como funciona? Ao fazer isso, você ativa no seu corpo a “resposta de relaxamento”, que diminui os hormônios do estresse, como o cortisol. Um cérebro menos estressado é um cérebro com mais “espaço” para focar e criar memórias. Um estudo de 2021 provou que idosos que praticaram mindfulness por seis meses tiveram melhoras reais na atenção e mudanças físicas positivas nas áreas do cérebro ligadas à memória.
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O ‘manual’ do cérebro novo: como praticar o mindfulness no dia a dia
O melhor de tudo é que você pode “tomar” essa “pílula” a qualquer hora e em qualquer lugar, transformando tarefas chatas em exercícios para o cérebro.
- A ‘Meditação’ da Louça: Ao lavar a louça, em vez de pensar nos problemas, preste atenção total na tarefa. Sinta a temperatura da água nas suas mãos, o cheiro do detergente, o som dos pratos.
- A Caminhada Atenta: Ao andar na rua, tire os fones de ouvido. Observe as cores das casas, o formato das folhas das árvores, o som dos pássaros, o rosto das pessoas que passam.
- A Alimentação Presente: Na hora de comer, desligue a TV. Sinta o aroma da comida, a textura de cada garfada, o sabor de cada ingrediente.
- A Respiração de 1 Minuto: A forma mais simples. Pare o que estiver fazendo, feche os olhos e, por apenas um minuto, preste atenção apenas no ar que entra e sai dos seus pulmões.
Essa “pílula” de Harvard não se compra na farmácia. É a prática diária de desligar o piloto automático e se reconectar com o presente. Ao fazer isso, você não só cria uma “blindagem” para a sua memória, como passa a viver de forma muito mais rica e consciente.