Planta mortal é subestimada e vista como comum por muitos

Imagine que você está caminhando por uma floresta tropical. O ambiente é úmido, verde, cheio de vida. Em meio a tantas plantas, uma chama sua atenção. Ela tem folhas grandes, em um formato perfeito de coração, com uma aparência aveludada que te convida ao toque. Parece uma planta ornamental, delicada e completamente inofensiva.
Nós aprendemos desde cedo a ter cuidado com plantas com espinhos, com cores muito chamativas ou com aquelas que sabemos serem venenosas se ingeridas. Mas esta… esta parece apenas uma folhagem bonita. O impulso de passar a mão para sentir sua textura é quase natural.
Mas, e se eu te dissesse que esse simples toque, esse gesto inocente, seria o maior erro da sua vida? E se esse contato pudesse desencadear uma dor tão insuportável, tão excruciante, que já levou pessoas à loucura e até mesmo ao suicídio?
E se essa dor, comparada a ser queimado com ácido e eletrocutado ao mesmo tempo, pudesse durar não horas, nem dias, mas meses inteiros? Essa planta existe, ela é conhecida como Gympie-Gympie, e seu apelido informal é “a planta do suicídio”.
A ‘agulha’ do diabo: como a Gympie-Gympie injeta seu veneno
O que torna esta planta, nativa da Austrália e da Indonésia, um dos seres mais perigosos do reino vegetal não são espinhos visíveis. Seu corpo inteiro — folhas e caules — é coberto por tricomas, que são pelos microscópicos e ocos, duros como vidro.
Ao menor contato, essas “agulhas do diabo” se quebram, penetram na pele e injetam uma neurotoxina potentíssima chamada gympietide. O efeito é imediato e brutal.
Veja mais: Planta pouco conhecida promete limpar a gordura do sangue
A ‘tortura’ sem fim: os relatos que deram à planta a fama de ‘assassina’
A dor da Gympie-Gympie é lendária e não se parece com nada conhecido. Vítimas descrevem a sensação como uma mistura de três torturas simultâneas: ter a pele queimada por ácido, levar choques elétricos constantes e ter as articulações esmagadas. Mas o pior ainda está por vir.
- A dor que não acaba: Diferente de uma picada de abelha, a dor da Gympie-Gympie não diminui com o tempo. Ela pode durar semanas ou até meses. E o mais aterrorizante é que ela pode ser reativada por estímulos simples, como tomar um banho (a mudança de temperatura na pele) ou simplesmente coçar o local.
- Os casos históricos: Os relatos sobre a planta são aterrorizantes. Durante a Segunda Guerra Mundial, há registros de um soldado que, após ter contato com a planta, perdeu completamente o controle de suas faculdades mentais por causa da dor. O caso mais trágico é o de um homem que, sem saber do perigo, usou uma folha como papel higiênico na mata e, dias depois, incapaz de suportar o sofrimento, tirou a própria vida.
Veja mais: Planta asiática promete reduzir risco de diabetes e infarto
O ‘veneno’ de aranha e a planta que virou atração de museu
A ciência, recentemente, começou a entender por que essa dor é tão persistente. Pesquisadores da Universidade de Queensland descobriram que a neurotoxina da planta tem uma estrutura molecular muito parecida com o veneno de algumas das aranhas e dos moluscos marinhos mais perigosos do mundo.
Ela age diretamente nos receptores de dor do nosso sistema nervoso de forma contínua. O perigo é tão real que, hoje, um exemplar da Gympie-Gympie é uma das principais atrações do “Jardim do Veneno” (Poison Garden), na Inglaterra.
Lá, ela é mantida em uma caixa de vidro, sob vigilância constante, tratada com o mesmo cuidado de um animal peçonhento, para que ninguém, jamais, cometa o erro de tocá-la.