Depressão é uma ‘ferrugem’ que destrói seu corpo e tem novidade aí

Quando pensamos em depressão, a imagem que vem à mente é a de uma dor invisível, uma nuvem cinzenta que paira sobre a alma. Falamos da tristeza profunda, da falta de ânimo, da perda de interesse pelas coisas que antes davam prazer. É uma batalha travada no silêncio da mente, uma luta contra os próprios pensamentos.
Mas, enquanto essa guerra acontece no campo mental, a depressão, como um agente duplo, realiza um trabalho sujo e silencioso em outra frente de batalha: o seu corpo.
Ela não se contenta em apenas minar sua alegria; ela ativamente desgasta sua saúde física, plantando as sementes para uma série de doenças crônicas que podem se manifestar anos depois.
Por muito tempo, essa conexão foi sentida por pacientes e médicos, mas agora, um novo e robusto estudo científico veio para jogar luz sobre essa operação secreta.
Pesquisadores conseguiram medir e provar o tamanho do estrago. A depressão não é apenas uma doença da mente; ela é como uma ferrugem que, lentamente, corrói as engrenagens do seu corpo.
A prova do crime: o risco de outras doenças simplesmente dobra
A evidência vem de um estudo massivo da Universidade de Edimburgo, na Escócia, que acompanhou mais de 172 mil pessoas. Os resultados, publicados no periódico Plos One, são um soco no estômago.
A pesquisa concluiu que adultos com um histórico de depressão têm o dobro de risco de desenvolver múltiplas doenças crônicas ao longo da vida, como problemas cardíacos, diabetes e artrite.
O estudo também revelou que, já no início da pesquisa, as pessoas com depressão tinham, em média, três doenças crônicas, em comparação com duas nos demais participantes, uma diferença que só aumentou com o tempo.
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O efeito cascata: como a mente doente adoece o corpo
Mas como a depressão consegue causar essa destruição física? Segundo o psiquiatra Gabriel Garcia Okuda, do Hospital Israelita Albert Einstein, a doença ataca o corpo por meio de um efeito cascata devastador, em várias frentes:
- O abandono do autocuidado: Uma pessoa deprimida simplesmente não tem energia para cuidar de si mesma. Tomar o remédio da pressão todos os dias, controlar o diabetes ou ir a uma consulta médica se tornam tarefas hercúleas e, muitas vezes, abandonadas.
- A sabotagem do sono: A depressão frequentemente causa insônia ou sono de má qualidade. Isso desregula o cortisol, o hormônio do estresse, que, em níveis elevados, aumenta diretamente o risco de obesidade e doenças cardíacas.
- A bagunça na alimentação: As alterações de apetite são clássicas. Ou a pessoa para de comer e corre o risco de desnutrição, ou busca conforto em alimentos de baixa qualidade, ricos em açúcar e gordura, o que piora o colesterol, a pressão e o peso.
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Quebrando o ciclo: o tratamento que enxerga o corpo e a mente juntos
Se a doença age em duas frentes, o tratamento também precisa ser integrado. Não se trata apenas de cuidar da mente e esquecer do corpo, ou vice-versa. O estudo reforça a necessidade de quebrar esse ciclo vicioso com uma abordagem completa. Segundo o Dr. Okuda, o tratamento eficaz se baseia em um tripé:
- Acompanhamento psiquiátrico: Com o uso de medicação, quando necessário, para reequilibrar a química cerebral.
- Psicoterapia: Para entender e tratar as causas emocionais e comportamentais da depressão.
- Mudanças no estilo de vida: Cuidar ativamente da qualidade do sono, da alimentação e incluir a prática regular de atividade física na rotina.
É essa visão de 360 graus que pode, de fato, não apenas tratar a dor da mente, mas também impedir que a “ferrugem” da depressão continue a corroer a saúde do seu corpo.
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