Você bebe água suja achando que é chá e esse erro todos cometem

A cena é um clássico: um leve mal-estar, uma cólica chata, uma dificuldade para dormir ou simplesmente a vontade de relaxar. A primeira solução que vem à mente de milhões de brasileiros é preparar uma xícara de chá. É um ritual de conforto, um carinho que nossas avós nos ensinaram e que carregamos pela vida toda.
Nós escolhemos a erva com cuidado — camomila para acalmar, boldo para o estômago, hortelã para digestão —, fervemos a água e mergulhamos as folhas ou o saquinho, acreditando que estamos extraindo o melhor da natureza. Sentimos o aroma, tomamos o líquido quente e esperamos a mágica acontecer.
Mas, e se eu te dissesse que, muito provavelmente, você está fazendo isso errado? E se um pequeno erro no preparo, um detalhe que 99% das pessoas ignoram, estiver destruindo todas as propriedades medicinais da sua bebida, transformando o que deveria ser um remédio natural em pouco mais que “água suja” e quente? Pois é, segundo especialistas, existe um ritual para preparar chás, e a falta dele pode estar jogando todos os benefícios da planta pelo ralo.
O primeiro mandamento: chá medicinal não é chá de supermercado
Antes de falarmos do preparo, é crucial entender uma distinção fundamental. Aquele chá de saquinho que você compra na prateleira do supermercado é considerado um chá alimentício.
Ele é gostoso, aromático, mas não possui a concentração de princípios ativos necessária para um efeito terapêutico real.
Os chás medicinais, com poder de tratamento, são aqueles vendidos em farmácias de manipulação ou lojas de produtos naturais, com as plantas em sua forma mais pura.
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A ‘alquimia’ da preparação: o erro que transforma remédio em lixo
Aqui está o segredo que pode mudar sua vida. A forma de preparo depende da parte da planta que você está usando. Fazer do jeito errado significa não extrair os compostos que curam.
- Infusão (para as partes delicadas): Este método é para folhas, flores e frutos. O erro fatal que todos cometem é ferver essas partes junto com a água. O calor excessivo destrói seus óleos essenciais e compostos delicados.
- O jeito certo: Ferva a água. Assim que ela borbulhar, desligue o fogo. Só então adicione as ervas na panela, tampe e deixe em infusão (abafado) por 5 a 10 minutos.
- Decocção (para as partes duras): Este método é para raízes, cascas e caules. Essas partes são rígidas e precisam de mais tempo e calor para liberar seus benefícios.
- O jeito certo: Coloque as raízes ou cascas na água fria e leve tudo ao fogo. Deixe ferver junto por cerca de 10 a 15 minutos.
E a regra de ouro que vale para os dois métodos: segundo os especialistas, o chá medicinal só funciona quente ou morno. Depois que esfria, ele perde suas propriedades e vira apenas um refresco.
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O ‘dicionário’ dos chás: qual ‘remédio’ usar para cada sintoma
Agora que você sabe o segredo do preparo, precisa saber qual “remédio” usar. Aqui está um guia prático para os chás mais famosos, muitos deles disponíveis até no SUS como fitoterápicos.
- Para o estômago (azia e má digestão): O campeão é a espinheira-santa. O boldo também é um excelente digestivo.
- Para acalmar e aliviar cólicas: Camomila, erva-cidreira e capim-santo são os sedativos naturais mais eficazes.
- Para gases e inchaço: A erva-doce é imbatível para acalmar o intestino.
- Para gripes e resfriados: Gengibre (ótimo para enjoo também), hortelã e guaco (excelente expectorante) formam o trio perfeito.