A praga da ‘chinelada na cara’ que viciou as mulheres com bochecha rosada

Abra seu TikTok ou seu Instagram. As bochechas estão em todos os lugares. Não bochechas normais, mas sim ultra pigmentadas, super rosadas, em um exagero que beira o cômico e que tomou conta do mundo da maquiagem. A nova obsessão feminina tem nome: é a “Blush Blindness”, ou “cegueira do blush”, um fenômeno que está fazendo mulheres de todas as idades pesarem a mão no blush sem a menor cerimônia, como se tivessem levado uma chinelada na cara.
Tendências como o “sunset blush” (blush pôr do sol) e o “boyfriend blush” (bochechas coradas como as de um garoto depois de jogar bola) viralizaram, impulsionadas por celebridades e por lançamentos de produtos que se esgotam em minutos.
Contudo, essa febre do rosado levanta uma questão: por que, de repente, todo mundo quer parecer que correu uma maratona? E quem é a “culpada” por trás dessa praga?
A verdade é que essa obsessão não é apenas uma moda passageira. Ela tem raízes históricas profundas e uma explicação psicológica fascinante que revela muito sobre o nosso desejo de parecer feliz e saudável.
Mas o que é exatamente a “cegueira do blush” e como aderir à tendência sem parecer que você está com febre?
Os sintomas da “cegueira do blush” e as culpadas pelo surto
A “Blush Blindness” é o termo criado para descrever o fenômeno de aplicar tanto blush, em tantas camadas e tons diferentes, que a pessoa simplesmente perde a noção do exagero. Ela se acostuma com a intensidade da cor no espelho e acaba não percebendo o efeito “chinelada”.
E quem são as principais “culpadas” por disseminar essa praga?
- Sabrina Carpenter: A “it girl” do momento é a maior embaixadora do look. Sua maquiagem, sempre com bochechas extremamente rosadas e luminosas, virou sua marca registrada e inspiração para milhões de fãs.
- Selena Gomez (Rare Beauty): Sua linha de blushes líquidos virou um fenômeno de vendas. A pigmentação é tão forte que uma única gota é suficiente, mas a tendência maximalista incentiva o uso de muito mais.
- Hailey Bieber (Rhode): Também lançou blushes que se tornaram virais, reforçando a ideia de que bochechas coradas são o novo símbolo de uma pele saudável e “cool”.
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O segredo da bochecha corada: por que amamos tanto?
Essa obsessão não é nova. Segundo o maquiador e educador Adriano Roman, ela é uma releitura dos anos 80, onde o blush bem marcado era sinônimo de sofisticação. Mas a psicologia vai ainda mais fundo.
- Sinal de saúde: Historicamente, bochechas rosadas eram um sinal de boa saúde e vitalidade. O “rouge”, o tataravô do blush, já era usado nos séculos XV e XVI para disfarçar a palidez causada por doenças.
- O rubor da felicidade: “A circulação sanguínea aumenta e o rosto acaba corando de alguma forma nos momentos em que estamos contentes”, explica Roman. Inconscientemente, associamos as bochechas coradas a sentimentos de alegria, excitação e até mesmo paixão. Ao aplicar o blush, estamos tentando recriar quimicamente essa aparência de felicidade.
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Como usar a tendência sem parecer uma palhaça
O segredo para não cair na “chinelada” é a técnica de aplicação. Em vez de concentrar o produto apenas nas “maçãs” do rosto, as novas tendências pregam uma aplicação mais difusa.
- Sunset Blush: Use três tons (um rosa, um laranja e um iluminador) e os aplique em uma linha diagonal, do alto da bochecha em direção às têmporas, esfumando bem para criar um efeito de degradê, como um pôr do sol.
- Boyfriend Blush: Aplique o blush em um formato de “W”, conectando uma bochecha à outra, passando levemente sobre o nariz. Isso imita o corado natural que o sol ou o frio provocam.
A dica de ouro dos maquiadores é: comece com pouco produto e vá construindo a intensidade aos poucos. É mais fácil adicionar do que remover. E lembre-se, a maquiagem é para se divertir. Se você se sente bem com a “chinelada”, quem pode dizer que está errado?