Esse é o veneno na batata que o cozimento não consegue tirar

A cena é um clássico em cozinhas de todo o Brasil. Você pega uma batata na fruteira para cozinhar e percebe que ela não está perfeita. A casca tem umas manchas esverdeadas, e alguns “olhinhos” já começaram a brotar. O que você faz? O que quase todo mundo faz: pega uma faca, corta fora a parte verde, arranca os brotos e joga o resto da batata na panela.

É um ato lógico, quase instintivo. Afinal, por que desperdiçar o alimento inteiro por causa de um pequeno defeito? A gente assume que, ao remover a parte “estragada” e cozinhar a batata, qualquer problema que pudesse existir ali foi eliminado. O calor do fogo, da água fervente ou do óleo quente resolveria tudo.

Mas, e se eu te dissesse que essa atitude, que parece tão sensata e econômica, é um erro perigoso? E se um “veneno” invisível e silencioso estivesse espalhado por toda a batata, e que nem o cozimento, nem a fritura, nem o assado fossem capazes de destruí-lo?

Pois é exatamente isso que a ciência nos alerta, e ignorar esse fato pode te levar a ter uma intoxicação alimentar séria.

A solanina: o ‘veneno’ invisível da batata esverdeada e brotada

O grande vilão desta história se chama solanina. É um glicoalcaloide, um composto tóxico que a batata produz naturalmente como um mecanismo de defesa contra pragas e insetos.

Em uma batata normal, a quantidade de solanina é mínima e inofensiva. Mas, em duas situações específicas, a produção dessa toxina dispara:

  1. Quando a batata fica verde: A cor verde em si é apenas clorofila, que é inofensiva. No entanto, ela é um sinal de alerta vermelho. A mesma luz solar que ativa a produção de clorofila também superativa a produção da solanina, que é incolor e está presente em todo o tubérculo, não apenas na parte verde.
  2. Quando a batata brota: O brotamento é o sinal de que a batata está “acordando” para se reproduzir. Nesse processo, ela concentra uma quantidade enorme de solanina nos brotos e nos “olhos” para se proteger.

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A intoxicação: os sintomas de que você comeu a batata errada

O grande perigo da solanina é que ela é termoestável, ou seja, ela não é destruída pelo calor. Lavar, cozinhar, assar ou fritar a batata não elimina a toxina.

Se você consumir uma batata com altos níveis de solanina, os sintomas de intoxicação podem aparecer, e incluem:

  • Náuseas e vômito
  • Diarreia
  • Dores de estômago e cólicas
  • Dor de cabeça e tontura

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O ‘manual de sobrevivência’ da batata: como agir e como evitar

Diante do risco, a melhor atitude é a prevenção e a prudência. A regra de ouro dos especialistas em segurança alimentar é simples:

  • Na dúvida, jogue fora: Se a batata estiver muito verde, muito brotada ou com um aspecto murcho e amargo, não arrisque. O mais seguro é descartá-la por completo. Tentar “salvar” a batata cortando as partes ruins não é uma garantia de segurança, pois a toxina pode estar espalhada.
  • Armazenamento é tudo: Para evitar que suas batatas virem um problema, o segredo é como você as guarda. O ideal é mantê-las em um lugar escuro, seco, fresco e arejado. Nunca as guarde dentro de sacos plásticos ou na geladeira. Uma dica antiga que funciona é guardá-las junto com uma ou duas maçãs; o gás etileno liberado pelas maçãs ajuda a retardar o processo de brotamento.
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