Alimentos vencidos podem ser comidos hoje ou estão envenenados

A cena é um clássico na cozinha de qualquer brasileiro. Você abre a geladeira e encontra aquele pote de iogurte, aquele pedaço de queijo ou aquele pacote de presunto. Você olha a data de validade e percebe, com uma ponta de frustração, que ela venceu há um ou dois dias. Mas, então, você abre a embalagem. O cheiro está normal, a cor está perfeita, a textura parece intacta.

Nesse momento, uma batalha interna começa na sua cabeça. De um lado, a voz da razão econômica e da aversão ao desperdício grita: “está com uma aparência ótima, que dó jogar fora! É só um dia, não vai fazer mal”. Do outro lado, uma vozinha de cautela sussurra: “mas e se…”.

Na maioria das vezes, a primeira voz vence. Nós confiamos em nossos sentidos — nosso olfato, nossa visão — como os juízes finais da segurança de um alimento.

Se parece bom e cheira bem, então deve estar bom. Mas, e se eu te dissesse que essa é uma das mentiras mais perigosas que contamos a nós mesmos?

E se esse alimento, que parece um “cadáver bonito” — perfeitamente preservado por fora —, estivesse, na verdade, abrigando um exército de bactérias venenosas e invisíveis por dentro?

A ‘maquiagem’ do perigo: por que um alimento vencido pode parecer perfeito

O nosso maior erro é acreditar que um alimento estragado sempre vai nos avisar. De fato, o mofo, o cheiro azedo e a cor estranha são sinais claros de que algo não vai bem. Mas, esses são os sinais dos microrganismos que estragam a aparência do alimento.

Os verdadeiros vilões, as bactérias patogênicas que causam intoxicações alimentares graves, são muito mais traiçoeiros.

Bactérias perigosíssimas como a Salmonella, a Escherichia coli e o Staphylococcus aureus podem se proliferar em um alimento sem alterar em absolutamente nada seu cheiro, sua cor ou seu sabor. O alimento parece perfeito, mas o veneno já está lá.

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A ‘sentença’ do fabricante: o que a data de validade realmente significa

A data de validade que a indústria coloca na embalagem não é um número aleatório ou uma sugestão. É uma “sentença” técnica, baseada em testes rigorosos. Até aquela data, o fabricante garante três coisas:

  1. Segurança: O produto está livre de níveis perigosos de microrganismos.
  2. Nutrição: As vitaminas e os nutrientes descritos no rótulo ainda estão presentes.
  3. Qualidade: O sabor, o cheiro e a textura ainda são os mesmos do dia em que o produto foi fabricado.

Após essa data, o fabricante não garante mais nada disso. O alimento pode não só perder seus nutrientes, mas também ter se tornado um campo fértil para as bactérias invisíveis que mencionamos.

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A regra de ouro: na dúvida, o lixo é o destino mais seguro

O conselho dos especialistas em segurança alimentar é unânime e enfático: não arrisque. A economia de alguns reais não vale uma intoxicação alimentar severa, que pode levar a complicações graves e, em casos extremos, até à morte, especialmente em crianças, idosos e pessoas com a imunidade baixa.

E lembre-se: cozinhar ou lavar o alimento não elimina o perigo. Muitas das toxinas produzidas por essas bactérias são resistentes ao calor.

Embora alguns alimentos secos, como biscoitos ou macarrão, tenham uma margem de segurança maior, existe uma lista de alto risco que você nunca deve consumir após o vencimento, não importa o quão bonito pareça:

  • Carnes de todos os tipos (bovina, frango, porco, peixes).
  • Frios e embutidos (presunto, queijo, salame, salsicha).
  • Laticínios (leite, iogurte, requeijão).
  • Alimentos prontos e úmidos (maionese, patês).
  • Enlatados (especialmente se a lata estiver estufada, amassada ou enferrujada).
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