A maçã da Apple é uma farsa e o motivo real é quase ridículo

Ela é mais do que um logo. É um símbolo de status, de inovação, de um universo inteiro de tecnologia que mudou o mundo. A maçã mordida da Apple, estampada em bilhões de celulares, computadores e relógios, é uma das imagens mais reconhecidas do planeta. E, por trás dela, existe uma história que todos nós amamos contar.
A lenda é linda, poética e trágica. Dizem que a mordida na maçã é uma homenagem a Alan Turing, o pai da computação moderna.
Um gênio que foi perseguido por sua sexualidade e que, em um ato de desespero, tirou a própria vida ao morder uma maçã envenenada com cianeto. A Apple, então, teria imortalizado seu legado com esse símbolo.
É uma história poderosa, que conecta a marca a um dos maiores mártires da ciência. Mas, e se eu te dissesse que essa história, por mais bonita que seja, é uma completa farsa?
Uma lenda urbana que, de tão repetida, virou verdade no imaginário popular. E que o motivo real da mordida é tão absurdamente simples e prático que chega a ser quase… ridículo.
A ‘morte’ da lenda: não, a maçã não é uma homenagem a Alan Turing
Vamos acabar com o mito de uma vez por todas. A história de Alan Turing, embora comovente, não tem absolutamente nenhuma relação com a criação do logo da Apple.
Quem garante isso é o próprio criador, o designer Rob Janoff. Em diversas entrevistas ao longo dos anos, Janoff foi enfático ao afirmar que, quando desenhou o logo em 1977, ele sequer conhecia a história trágica de Turing.
Ele mesmo admitiu que gostaria de ter pensado nessa genial conexão simbólica, mas que a verdade é muito mais mundana.
Veja mais: Seu Celular Rouba Seu Sono (e sua Beleza). Descubra Como!
A ‘guerra’ contra a cereja: o verdadeiro (e simples) motivo da mordida
Então, se não foi por Turing, por que a maçã é mordida? A resposta é uma aula de design e pragmatismo. Quando Rob Janoff apresentou a primeira versão do logo para Steve Jobs, uma simples silhueta de uma maçã, surgiu uma preocupação:
- O risco da confusão: Uma silhueta de uma maçã pequena, vista de longe, poderia ser facilmente confundida com outra fruta redonda. O maior medo era que as pessoas a confundissem com uma cereja.
A solução de Janoff foi genial em sua simplicidade: dar uma mordida na maçã. A mordida cumpria duas funções cruciais:
- Dava escala à fruta: Com a marca da mordida, não havia mais dúvida. Aquilo era claramente uma maçã, e não uma cereja ou um tomate.
- Trazia um toque humano e criativo: A mordida quebrou a perfeição da forma, tornando o logo mais interessante, único e menos genérico.
A famosa coincidência da palavra “mordida” em inglês ser “bite”, que soa exatamente como “byte” (a unidade de medida da computação), foi apenas um feliz acaso que o designer descobriu depois, e que ajudou a reforçar a genialidade da escolha.
Veja mais: A Samsung está pegando TVs antigas e dá uma nova de presente
Mas por que uma maçã? O início de tudo (que não tinha nada a ver com isso)
A escolha da fruta em si também não tem nada de misterioso. O nome “Apple” foi uma ideia de Steve Jobs, que na época seguia uma dieta à base de frutas e tinha acabado de voltar de uma fazenda de maçãs.
Além disso, ele gostou da ideia porque, na antiga lista telefônica, “Apple” viria antes de “Atari”, a gigante dos games da época e uma de suas principais concorrentes. O primeiro logo da empresa, aliás, não era a maçã, mas um desenho complexo de Isaac Newton sentado embaixo de uma macieira, que foi rapidamente abandonado por ser complicado demais.
A simplicidade da maçã mordida foi a solução perfeita que, por uma razão quase boba, se tornou o símbolo mais poderoso da tecnologia moderna.