Você não é preguiçoso: a doença emocional por trás da sua procrastinação

A cena é um inferno particular que se repete: o prazo final é amanhã, o pânico se instala e você é movido por uma onda de cafeína, culpa e desespero para fazer em uma noite o trabalho que teve semanas para concluir.

Enquanto corre contra o relógio, uma voz na sua cabeça não para de te torturar: “por que eu sempre faço isso comigo? Eu sou um irresponsável, um preguiçoso”.

Nós nos acostumamos a usar essas palavras para nos definir. A sociedade nos rotula, e nós mesmos aceitamos o rótulo de “desorganizados” ou “sem força de vontade”.

A procrastinação, o ato de deixar tudo para a última hora, é vista como uma simples falha de caráter, uma fraqueza moral que nos enche de vergonha.

Mas, e se eu te dissesse que tudo isso é uma grande mentira? E se a psicologia tivesse uma resposta completamente diferente e libertadora para o seu comportamento?

E se o ato de adiar uma tarefa não fosse um sinal de preguiça, mas sim um complexo e sofisticado mecanismo de defesa do seu cérebro, uma tentativa desesperada de te proteger de uma dor emocional?

Prepare-se, pois você não é preguiçoso; você pode estar apenas tentando sobreviver aos seus próprios sentimentos.

A ‘fuga’ da dor: por que seu cérebro prefere o pânico do prazo final?

A psicologia moderna é clara: a procrastinação crônica não é um problema de gerenciamento de tempo, é um problema de gerenciamento de emoções.

A raiz do problema não está na sua agenda, mas nos seus sentimentos. Quando você se depara com uma tarefa, seu cérebro faz uma avaliação emocional instantânea. E, se essa tarefa estiver associada a qualquer sentimento negativo, ele entra em modo de “fuga”.

  • O medo do fracasso: “E se o meu trabalho não for bom o suficiente?”. Para evitar a dor de uma possível crítica ou de um resultado imperfeito, seu cérebro prefere nem começar.
  • A ansiedade: A tarefa é tão grande e complexa que só de pensar nela seu coração já acelera. Adiar é uma forma de fugir dessa sensação de sobrecarga.
  • A baixa autoestima: Você, no fundo, não se acha capaz de realizar aquela tarefa. Procrastinar é uma forma de autossabotagem que confirma essa crença negativa.
  • O tédio: A tarefa é simplesmente chata e desinteressante. Seu cérebro busca o alívio imediato e a dopamina rápida de uma rede social ou de um vídeo no YouTube.

Nesses casos, seu cérebro faz um cálculo irracional: ele prefere o pânico garantido do prazo final no futuro do que a dor emocional desconfortável do presente.

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O ‘efeito cascata’: como a procrastinação adoece a mente e o corpo

Mas essa “fuga” constante tem um preço alto. Viver em um ciclo de adiamento e pânico gera consequências reais para a sua saúde.

  • Estresse crônico: Seu corpo passa a viver em um estado de alerta, inundado por cortisol, o que pode levar a problemas de sono, digestivos e cardiovasculares.
  • Aumento da ansiedade e depressão: A procrastinação não só é um sintoma, mas também uma causa de transtornos de saúde mental mais graves. A culpa e a sensação de fracasso constantes alimentam um ciclo de negatividade.

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O ‘antídoto’: como tratar a causa, e não apenas o sintoma

Se o problema é emocional, a solução também precisa ser. Não adianta apenas usar aplicativos de produtividade se você não lidar com o sentimento que está por trás do adiamento.

  1. Identifique o sentimento: Antes de adiar, pare e se pergunte: “o que eu estou sentindo em relação a essa tarefa? Medo? Tédio? Insegurança?”. Apenas nomear o sentimento já diminui o poder dele sobre você.
  2. Quebre a ‘montanha’ em ‘pedrinhas’: Uma tarefa grande é assustadora. Quebre-a em passos minúsculos e ridículos. Em vez de “escrever o relatório”, sua primeira meta pode ser “abrir o computador e escrever o título”. Cumpra esse micro-passo e se dê os parabéns.
  3. Perdoe-se: Entenda que você não é uma pessoa falha ou preguiçosa. Você tem um padrão de comportamento emocional que pode ser compreendido e modificado. A autocompaixão é uma ferramenta muito mais poderosa do que a autocrítica para promover a mudança.
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