O seu maior defeito, que você ainda não descobriu

A cena é um clássico do suspense corporativo. A entrevista de emprego está indo muito bem. Você respondeu com confiança sobre suas experiências, demonstrou conhecimento sobre a empresa e já consegue até se imaginar trabalhando ali. O recrutador sorri. E então, ele lança a pergunta, a “guilhotina” que já eliminou tantos candidatos antes de você: “E qual o seu maior defeito?”.

O coração gela. A mente dá um branco. Em uma fração de segundo, você busca desesperadamente por uma resposta que pareça honesta, mas não te elimine do processo.

E então, ela vem. A resposta que parece genial, o “defeito com cara de qualidade”, o clichê dos clichês: “Acho que meu maior defeito é ser muito perfeccionista…”.

Se você já deu essa resposta, eu tenho uma péssima notícia. Você pode ter cometido, sem saber, o “pecado mortal” dos processos seletivos.

Mas, e se eu te dissesse que essa pergunta não é uma armadilha para te reprovar, mas sim um presente, um convite para você mostrar que é um profissional maduro e muito acima da média? Existe uma fórmula para responder, e quem a conhece se destaca de uma forma brutal.

A anatomia de um desastre: por que a resposta ‘sou perfeccionista’ te elimina?

Recrutadores ouvem a resposta “sou perfeccionista” dezenas de vezes por dia, e eles a odeiam por três motivos principais, que são verdadeiros alertas vermelhos.

  1. Soa como uma mentira deslavada: É a resposta mais ensaiada e menos autêntica possível. Ao usá-la, você passa a imagem de que está tentando enganar o entrevistador, e a confiança, que é a base de qualquer contratação, vai para o ralo.
  2. Demonstra falta de autoconhecimento: Se, ao ser perguntado sobre um ponto a melhorar, você não consegue pensar em nada real, isso sugere que você ou não se conhece de verdade ou é arrogante demais para admitir uma fraqueza.
  3. Pode ser um defeito de verdade (e um dos piores): Um perfeccionista de verdade, aquele que não consegue entregar um projeto porque ele “nunca está bom o suficiente”, é um pesadelo para qualquer equipe. Ele atrasa processos, tem dificuldade em trabalhar em grupo e pode ser extremamente improdutivo.

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A ‘fórmula’ da resposta de ouro: o passo a passo da honestidade estratégica

A resposta perfeita não é um clichê, mas também não é um “sincericídio”. Você não vai dizer que tem preguiça ou que se atrasa sempre. A resposta de ouro segue uma fórmula de 3 passos, baseada na honestidade estratégica.

  • Passo 1: Admita um defeito real (mas que não seja fatal para a vaga). Escolha uma fraqueza genuína, mas que não seja um pré-requisito para o cargo. Por exemplo: “Eu costumava ter dificuldade em delegar tarefas” ou “Às vezes, fico um pouco ansioso com prazos muito curtos”. (Não diga isso se a vaga for para um cargo que exige, essencialmente, trabalhar sob pressão).
  • Passo 2: Dê um exemplo curto de como isso já te atrapalhou. Isso mostra que você não está inventando o defeito. Exemplo: “No início da minha carreira, eu centralizava muitas tarefas e acabava sobrecarregado, o que atrasou um projeto uma vez”.
  • Passo 3 (O mais importante): Mostre o que você fez (ou está fazendo) para melhorar. Este é o grand finale, o que te diferencia. Exemplo: “Percebendo isso, fiz um curso de liderança e aprendi a usar ferramentas de gestão de projetos, como o Trello, para distribuir melhor as tarefas e confiar na minha equipe. Hoje, consigo delegar com muito mais segurança e os projetos fluem melhor”.

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A virada de chave: veja a pergunta como uma oportunidade, não como um ataque

No fim das contas, o recrutador não quer te humilhar. Ele quer ver se você tem maturidade para reconhecer uma falha, humildade para admiti-la e proatividade para trabalhar nela.

Ao seguir essa fórmula, você transforma a pergunta mais temida da entrevista na sua chance de ouro para provar que você não é apenas um currículo com qualificações, mas um ser humano em constante evolução. E são esses que as empresas realmente querem contratar.

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