Sua xícara de café pode ser uma câmara de gás – e a culpa é da cápsula

A cena é um símbolo da vida moderna. Na correria da manhã, você se aproxima daquela máquina de design elegante, insere uma pequena cápsula colorida, aperta um botão e, em segundos, uma xícara de café quente e aromático está pronta. É um ritual prático, limpo e que parece entregar uma dose perfeita de café, sem a sujeira e o trabalho dos métodos antigos.

Essa praticidade nos seduziu. As cápsulas de café se tornaram onipresentes em lares e escritórios, vendendo uma imagem de pureza e conveniência.

O sistema hermeticamente fechado parece a forma mais higiênica e segura de garantir o frescor e o sabor do grão, uma pequena maravilha da engenharia a serviço do nosso paladar.

Mas, e se essa mesma cápsula, projetada para ser uma fortaleza que protege o café, for na verdade uma prisão que aprisiona uma substância potencialmente perigosa? E se o segredo da sua conveniência for também o segredo do seu risco?

Especialistas alertam que há um perigo invisível nesse cafezinho rápido, um composto que, nos métodos tradicionais, simplesmente desaparece no ar, mas que na sua xícara, fica retido.

Furano: o composto ‘prisioneiro’ da sua cápsula

O vilão desta história tem nome: furano. Trata-se de um composto orgânico que se forma naturalmente durante o processo de torra dos grãos de café. Ou seja, ele está presente em todo tipo de café. A grande questão, apontada por especialistas como o hematologista Manuel Viso, é o que acontece com ele depois.

Nos métodos tradicionais, como o café coado (filtrado) ou o expresso de máquina, o furano é volátil e simplesmente evapora, se dissipa no ar. Contudo, no sistema fechado da cápsula, ele não tem para onde escapar e é empurrado pela água quente diretamente para a sua bebida.

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Calma, o risco real só existe com um consumo absurdo

Antes que o pânico se instale, é crucial entender a dimensão do risco. A notícia não é para você jogar sua máquina de cápsulas pela janela. Segundo os estudos, a presença de furano só se torna um perigo real para a saúde, com potencial cancerígeno, em um cenário de consumo extremo e contínuo.

Estamos falando de algo em torno de 30 cápsulas por dia, todos os dias. Um número absurdamente alto e muito distante do consumo moderado (de 2 a 4 xícaras diárias), que continua sendo considerado benéfico para a saúde devido aos seus antioxidantes.

Quanto ao alumínio das cápsulas, a maioria possui um revestimento interno que impede a contaminação, desde que você não as reutilize.

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Como tomar seu café de forma mais segura e inteligente

A informação não serve para criar medo, mas para possibilitar escolhas mais conscientes. Se você é um consumidor assíduo de café e se preocupa com a exposição a longo prazo, a solução é simples e até um pouco nostálgica.

  • Volte às origens: Métodos como o café coado no filtro de papel ou o café expresso tirado de máquinas que moem o grão na hora são considerados as opções mais seguras, pois garantem que compostos voláteis como o furano se dispersem.
  • Considere o solúvel: De acordo com especialistas, até mesmo um café solúvel de boa qualidade pode ser uma alternativa preferível às cápsulas, do ponto de vista da concentração de furano.
  • Modere o uso das cápsulas: Se a praticidade da cápsula é indispensável na sua rotina, simplesmente use-a com moderação. Reserve-a para momentos de pressa e intercale com outros métodos de preparo.
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